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quarta-feira, 28 de março de 2012

Carlim Cachoeira encomendou ação da PF em Goiânia



Cachoeira encomendou ação da PF em GoiâniaFoto: Bruno Stuckert/Folhapress

BICHEIRO ARTICULOU COM DELEGADO DA PF FERNANDO HEREDA BYRON FILHO DENÚNCIAS PARA INVIABILIZAR A OBRA DO PARQUE MUTIRAMA; ALÉM DO CONGRESSO NACIONAL, OS TENTÁCULOS DO GRUPO CHEGAM À CÂMARA MUNICIPAL DE GOIÂNIA, ONDE A “BANCADA DO CACHOEIRA” FAZ LOBBY EM FAVOR DELE

27 de Março de 2012 às 12:19
247 - Gravações da Operação Monte Carlo mostram que, além do Congresso Nacional, os tentáculos da organização criminosa do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, chegam também à Câmara Municipal de Goiânia, onde a ‘Bancada do Cachoeira’ atua em favor dos interesses do bicheiro.
Escutas feitas entre os dias 08 e 15 de agosto mostram diálogo de Cachoeira com o delegado da Polícia Federal de Goiás Fernando Antônio Hereda Byron Filho em que o bicheiro solicita os ‘serviços’ do agente nas investigações das obras do Parque Mutirama. Denúncias feitas pelo vereador Elias Vaz (PSOL) motivaram investigações do Ministério Público Federal sobre a reforma do parque, um complexo localizado no centro de Goiânia que conta com uma das maiores áreas verdes da cidade e brinquedos ao estilo do Play Center, de São Paulo. A coincidência é que as denúncias (leia mais em http://migre.me/8qUFo) de Elias foram feitas na mesma data (08/08/2011) em que começaram os contatos entre o bicheiro e o policial federal.
Matéria veiculada pelo jornal O Popular na edição do último dia 24 mostra que Elias Vaz mantinha contatos rotineiros com Cachoeira, sendo o ‘porta-voz’ da Bancada do Cachoeira, que também teria como membros os vereadores Maurício Beraldo (PSDB), Gilvane Antônio (PSDB) e Santana Gomes (PSD).
Na primeira gravação, de agosto de 2011, Carlinhos Cachoeira solicita que Byron veja o "negócio" (inquérito policial - IPL) do Mutirama, que está na PF. Pede ainda que puxe os autos para sua presidência, o que Byron se compromete a fazer. Os dois marcam um encontro para que Byron entregue denúncia de interesse de Cachoeira. Confira abaixo o diálogo:
Carlinhos: Doutor, tudo bem?
Byron: Tudo beleza querido, graças a Deus, Sexta-feira deu tudo tranqüilo lá, tudo 100%, aí vamo relatar esse inquérito rapidinho.
Carlinhos: Ah tá, não precisava de ver outra coisa, tem um negócio do Mutirama aí com vocês, não têm?
Byron: A licitação tá?
Carlinhos: É.
Byron: Oficialmente?
Carlinhos: É o Mutirama, eu tava lendo no jornal, o MPF mandou pra vocês, né?
Byron: Eu vou ver lá agora de tarde, aí repasso isso aí.
Carlinhos: Podia pegar pra você, isso aí.
Byron: Eu vou pedir lá, deixa comigo, de tarde vou falar com o Thiago, já puxo isso pra mim, viu?
Noutro diálogo, do dia 10 de agosto de 2011, Carlinhos dá previsão de pegar o inquérito policial (IPL) do Mutirama e solicita ajuda com a investigação. Byron solicita adiantamento de parcela de propina:
Carlinhos: Me ligou?
Byron: E aí, guerreiro velho? Tão reunindo... reuniram hoje pra passar o inquérito pra mim amanhã, viu? Falei com a menina, né, eu sabia que ela queria que eu pegasse mesmo. Aí falei com o RABELO, ele ia conversar com o DE LUCA. Aí, mas já tá certo mesmo, né? QUE EU VOU ENFIAR O PÉ NA JACA NA PREFEITURA MESMO. ELES SABEM COMO É QUE EU VOU PEGAR A PREFEITURA. Viu, aí vai, tá comigo mesmo, amanhã. Aí eu te passo, porque eu não vi o inquérito ainda. Vou te dizer qual é as diretrizes que eu vou tomar e aí a gente, aí... TU ME AJUDA NA INVESTIGAÇÃO. Falou?
Carlinhos: Então é certeza que você vai pegar, né?
Byron: Com certeza. Amanhã com certeza já tô pegando ele. Porque tinha que passar por ela, eu conversei com ela, aí fui conversar com o RABELO. Só que o DE LUCA é o chefe, né, da Fazendária. Tá na fazendária(ininteligível), viu? Amanhã tô pegando isso ai, ok?
Carlinhos: Tá, obrigado doutor. Felicidade aí.
Byron: Deixa eu falar um negócio...
Carlinhos: Pode falar.
Byron: A senhora que me vendeu o apartamento, ela vai ganhar nenê na segunda-feira, certo? Ela entrou em contato com a minha esposa, perguntando se podia antecipar esse pagamento que seria no dia quinze, né? Seria na segunda-feira, que ela tá com o marido e confiando. Por isso que ela botou o apartamento pra frente, certo, com a gente. E cê poderia fazer esse negócio amanhã. Eu tentei jogar pro sábado, certo, só que a Nara, minha esposa, ela tem uma cirurgia oito horas da manhã de sexta-feira. Vai fazer inxerto e um dos implantes na parte que fez a cirurgia. Aí a partir de sexta não vai poder falar dia nenhum, véio. E o contato é feito entre elas duas. Aí se pudesse, se der, mas essa sua caridade, se puder, né, se puder ajudar de pagar esse negócio amanhã, aí minha esposa daria pra ela, ficaria livre desse restante do mês  com ela. Pode ser? Cê vê isso pra mim?
Carlinhos: Ah, pode, amanhã cê me pede. Que horas cê quer?
Byron: Qual o melhor horário pra ti?
Carlinhos: Não sei, mas amanhã de manhã eu já te falo. Talvez meio-dia e meia ou seis e meia, tá?
Byron: Deus te abençoe forte aí, guerreiro velho. Deus te pague sua caridade. Um abraço, guerreiro.
Carlinhos: Outro. Tchau.

terça-feira, 27 de março de 2012

"Carlinhos Cachoeira e Demóstenes armaram o mensalão”


“Cachoeira e Demóstenes armaram o mensalão” Foto: Edição/247

Quem diz é o ex-prefeito de Anápolis (GO) Ernani de Paula, que conviveu com os dois; ele foi amigo do contraventor e sua mulher Sandra elegeu-se suplente do senador do DEM em 2002; “Cachoeira filmou, Policarpo publicou e Demóstenes repercutiu”, disse ele ao 247


Marco Damiani _247 – O Mensalão, maior escândalo político dos últimos anos, que pode ser julgado ainda este ano pelo Supremo Tribunal Federal, acaba de receber novas luzes. Elas partem do empresário Ernani de Paula, ex-prefeito de Anápolis, cidade natal do contraventor Carlinhos Cachoeira e base eleitoral do senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
“Estou convicto que Cachoeira e Demóstenes fabricaram a primeira denúncia do mensalão”, disse o ex-prefeito em entrevista ao 247. Para quem não se lembra, trata-se da fita em que um funcionário dos Correios, Maurício Marinho, aparece recebendo uma propina de R$ 5 mil dentro da estatal. A fita foi gravada pelo araponga Jairo Martins e divulgada numa reportagem assinada pelo jornalista Policarpo Júnior. Hoje, sabe-se que Jairo, além de fonte habitual da revista Veja, era remunerado por Cachoeira – ambos estão presos pela Operação Monte Carlo. “O Policarpo vivia lá na Vitapan”, disse Ernani de Paula ao 247.
O ingrediente novo na história é a trama que unia três personagens: Cachoeira, Demóstenes e o próprio Ernani. No início do governo Lula, em 2003, o senador Demóstenes era cotado para se tornar Secretário Nacional de Segurança Pública. Teria apenas que mudar de partido, ingressando no PMDB. “Eu era o maior interessado, porque minha ex-mulher se tornaria senadora da República”, diz Ernani de Paula. Cachoeira também era um entusiasta da ideia, porque pretendia nacionalizar o jogo no País – atividade que já explorava livremente em Goiás.
Segundo o ex-prefeito, houve um veto à indicação de Demóstenes. “Acho que partiu do Zé Dirceu”, diz o ex-prefeito. A partir daí, segundo ele, o senador goiano e seu amigo Carlos Cachoeira começaram a articular o troco.
O primeiro disparo foi a fita que derrubou Waldomiro Diniz, ex-assessor de Dirceu, da Casa Civil. A fita também foi gravada por Cachoeira. O segundo, muito mais forte, foi a fita dos Correios, na reportagem de Policarpo Júnior, que desencadeou todo o enredo do Mensalão, em 2005.
Agora, sete anos depois, na operação Monte Carlo, o jornalista de Veja aparece gravado em 200 conversas com o bicheiro Cachoeira, nas quais, supostamente, anteciparia matérias publicadas na revista de maior circulação do País.
Até o presente momento, Veja não se pronunciou sobre as relações de seu redator-chefe com o bicheiro. E, agora, as informações prestadas ao 247 pelo ex-prefeito Ernani de Paula contribuem para completar o quadro a respeito da proximidade entre um bicheiro, um senador e a maior revista do País. Demonstram que o pano de fundo para essa relação frequente era o interesse de Cachoeira e Demóstenes em colocar um governo contra a parede. Veja foi usada ou fez parte da trama?

PT, PSB e PDT chamam brindeiro às falas

Saiu no UOL:

Partidos pedem esclarecimentos a Gurgel sobre caso Demóstenes


GABRIELA GUERREIRO

DE BRASÍLIA


PT, PDT e PSB protocolaram nesta terça-feira (27) no Ministério Público Federal um pedido de esclarecimentos ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, sobre a demora nas investigações da suposta relação de deputados e senadores com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira –entre eles o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

A petição encaminhada ao procurador é assinada por senadores dos três partidos. Nela, os parlamentares pedem que Gurgel preste esclarecimentos sobre as medidas já tomadas pela Procuradoria-Geral da República no caso.

O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), disse que tentou reunir-se com o procurador –mas não foi recebido por Gurgel, por isso apenas mandou protocolar o pedido.

“Nós ligamos para fazer um encontro, ele disse que está com a agenda cheia até o final da tarde. Eu não faço questão de encontrar o procurador. O maior descaso dele é não responder o que pedimos há oito dias, que são as informações sobre o caso”, afirmou Pinheiro.

No documento, os senadores criticam a lentidão da PGR nas investigações –que desde 2009 tramitam no órgão. “Instamos Vossa Excelência a que, com as cautelas de estilo, preste os devidos esclarecimentos sobre os expedientes já adotados, as providências em curso e os próximos procedimentos, em face de fatos que precisam ser cabalmente elucidados a respeito do envolvimento de agentes públicos, notadamente parlamentares, com atividades ilegais no segmento de jogos no Estado de Goiás”, diz o documento.

Segundo Pinheiro, a petição é uma “cobrança” a Gurgel para exercer sua função de investigar a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que desvendou o esquema comandado por Cachoeira. “Vamos cobrar respostas à nossa petição nas próximas 48 horas. Se não tivermos retorno, estudamos ingressar com representação contra o procurador”, afirmou o líder petista.

CORREGEDOR

O corregedor do Senado, Vital do Rêgo (PMDB-PB), também encaminhou hoje à PGR ofício com o pedido para ter acesso aos documentos das investigações. O corregedor disse que vai analisar o caso Demóstenes depois que receber as informações do procurador.

(…)



Clique aqui para ler “CPI para brindeiro Gurgel”.

E aqui para ler “Lula quer a CPI do Demóstenes e da Privataria”.

CARLIM CACHOEIRA E O O CLUBE DOS 15

Blog Cidadania:


O bicheiro goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o “Carlinhos Cachoeira”, adquiriu da provedora de telefonia norte-americana Nextel 15 aparelhos, os quais cedeu a pessoas de sua confiança. Segundo as investigações da Operação Monte Carlo, levada a cabo pela Policia Federal, um policial corrupto dessa corporação orientou o bicheiro a habilitar os aparelhos nos Estados Unidos de forma a que ficassem imunes a grampos legais e ilegais.

Há três semanas, a Polícia Federal prendeu Cachoeira durante a Operação Monte Carlo, sob acusação de liderar uma quadrilha que operava máquinas caça-níqueis em Brasília e Goiás. E descobriu que, dentre os 15 telefones que ele distribuíra, um fora entregue ao líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), promotor de carreira que ficou conhecido por acusar seguidamente de corrupção o governo do PT, seus membros e aliados.

Em um primeiro momento, de jornalistas a políticos (do governo e da oposição) saíram em defesa do líder do DEM no Senado – que, até o momento, ainda ocupa o cargo, apesar das denúncias arrasadoras.

Logo após a revelação de que o bicheiro havia dado presentes caríssimos a Demóstenes, este subiu à tribuna do Senado para dar suas explicações, ao que 43 senadores o apartearam prestando solidariedade e apoio. Quatro adversários petistas – Eduardo Suplicy (SP), Paulo Paim (RS), Jorge Viana (AC) e Marta Suplicy (SP) – foram à tribuna defendê-lo.

Em seguida, jornalistas como Reinaldo Azevedo, da revista Veja, também fizeram questão de lembrar ao distinto público a “gloriosa” trajetória de Demóstenes, que, até poucos dias atrás, dispunha de grande espaço na grande mídia para acusar os adversários de envolvimento com corrupção (!).

Como se fosse pouco, no fim de semana vieram à tona denúncias como a da Carta Capital, de que Demóstenes teria faturado incríveis 50 milhões de reais no esquema de Cachoeira. E, para coroar tudo, o jornalista Luis Nassif denunciou no domingo, em seu blog, que a operação Montecarlo, da Polícia Federal, teria encontrado mais de 200 ligações entre o bicheiro e pessoas da direção da revista Veja.

O silêncio ensurdecedor da classe política em relação a Demóstenes, seu possível envolvimento até com meios de comunicação, tudo isso é afetado por um número cabalístico: o número 15.

O trabalho que o criminoso teve para habilitar os aparelhos fora do país de forma a imunizá-los contra escutas e o fato de um desses aparelhos ter ido parar nas mãos – ou nos ouvidos – de um político do peso do senador do DEM de Goiás, sugerem que os outros 14 aparelhos não devem ter ido parar nas mãos de qualquer um.

A Operação Monte Carlo flagrou ligações de Cachoeira para autoridades do governo de Goiás, sob comando do tucano Marconi Perillo, e detectou que, ano passado, um relatório de quase 500 páginas com endereços e nomes de integrantes da quadrilha que explorava jogos ilegais fora entregue ao então diretor-geral da polícia do governo do Estado. E nada aconteceu. Se não fosse a Polícia Federal, Cachoeira continuaria livre.A polícia de Perillo sentou sobre o caso.

A PF também captou conversa telefônica em que Cachoeira pede ao ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia Wladimir Garcez (PSDB) que interfira em operações da Polícia Civil para combater jogos ilegais. De acordo com a Polícia Federal, o ex-vereador Garcez intermediava os contatos entre Carlinhos Cachoeira e o governador Perillo. A PF apurou que Garcez trocava torpedos com Perillo.

Ainda não foram divulgados os nomes dos outros beneficiados – ou, agora, amaldiçoados – pelos outros 14 aparelhos Nextel. Não parece difícil intuir, no entanto, que Cachoeira deve ter dado a pessoas que de forma alguma poderiam ser flagradas conversando consigo por ocuparem posições de importância análoga à do senador da República Demóstenes Torres.

Assim como se descobriu que o ex-publicitário Marcos Valério estendeu tentáculos por PT, PSDB, DEM etc., supõe-se que o silêncio da classe política em relação a Cachoeira pode decorrer de situação parecida com a do pivô do escândalo do mensalão, mas não só. A notícia divulgada ontem por Luis Nassif, de que membros da direção da Veja teriam mantido centenas de contatos com o bicheiro, dá a dimensão daquilo em que esse escândalo pode se converter.

Após a descoberta das relações de Cachoeira com um senador e um grande meio de comunicação, não parece exagero suspeitar de que um dos 14 celulares pode ter ido parar em mãos impensáveis como, por exemplo, a de um importantíssimo membro do Judiciário. Ou que tenha sido usado para ligar para essa pessoa. Enquanto isso, iniciativas no Congresso para abrir uma CPI encontram resistência em quase todos os partidos.

quarta-feira, 21 de março de 2012

MP investigará repasses do governo de Minas para rádio de Aécio Neves

Fonte: Marcelo Portela, de O Estado de S. Paulo

BELO HORIZONTE - O Ministério Público Estadual (MPE) de Minas Gerais instaurou inquérito civil para investigar repasses feitos pelo governo do Estado à Rádio Arco-Íris entre 2003 e 2010, época em que o tucano comandou o Executivo mineiro. Além de Aécio, também consta no inquérito civil MPMG-0024.12.001113-5, o nome de sua irmã, Andrea Neves, atual presidente do Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas) e coordenadora do Núcleo Gestor de Comunicação Social do governo, responsável pelo controle do gasto com comunicação, inclusive a publicidade oficial, durante a gestão do irmão.

Aécio dirigia um Land Rover da Rádio Arco-Íris quando foi parado em blitz no Rio de Janeiro - Ed Ferreira/AE - Arquivo
Ed Ferreira/AE - Arquivo
Aécio dirigia um Land Rover da Rádio Arco-Íris quando foi parado em blitz no Rio de Janeiro

A propriedade da rádio por parte de Aécio e Andrea veio a público em abril do ano passado, quando o senador teve a carteira de habilitação - vencida - apreendida e foi multado em R$ 1.149,24 após se recusar a fazer o teste do bafômetro ao ser parado em uma blitz da Lei Seca no Rio de Janeiro. Ele dirigia o Land Rover placas HMA-1003, comprado em novembro de 2010 em nome da emissora, que detém uma franquia da Rádio Jovem Pan FM em Belo Horizonte.

Na ocasião, o governo confirmou que havia feito repasses à emissora em 2010, mas afirmou que os pagamentos foram legítimos. O caso levou a oposição ao Executivo tucano na Assembleia Legislativa de Minas a tentar, sem sucesso, criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Agora, a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público do MPE vai apurar se foram repassadas verbas públicas á rádio também nos outros anos em que Aécio esteve à frente do governo e os critérios usados para a liberação dos recursos. O inquérito foi instaurado na sexta-feira, 16, após o órgão receber, em fevereiro, nova representação contra Aécio e Andrea.

No período em que o atual senador comandou o Executivo mineiro, as despesas de órgãos da administração direta com "divulgação governamental" chegaram a R$ 489,6 milhões, segundo o Sistema Integrado de Administração Financeira de Minas Gerais (Siafi-MG), valor que ultrapassa R$ 815 milhões quando incluídos gastos de empresas, fundações e autarquias controladas pelo Executivo. Além da Rádio Arco Íris, o MPE também vai investigar se as empresas Editora Gazeta de São João del Rei Ltda. e a Rádio São João del Rei S/A, que têm Andrea como sócia, receberam recursos do governo durante a gestão do irmão. Ela é cotada entre lideranças tucanas de Minas para disputar o governo do Estado em 2014 pelo PSDB.

Aécio se tornou sócio da Rádio Arco Íris, que já era dirigida pela atual presidente do Servas, em dezembro de 2010, dois meses após ser eleito para o Senado. A assessoria do tucano informou que sua mãe, Inês Maria, comprou parte das cotas de Andrea e as repassou ao filho. O Land Rover é um dos 12 veículos registrados em nome da emissora, que está registrada com capital social de R$ 200 mil e faturou R$ 5 milhões em 2010. Inês Maria já tinha participação na rádio quando Aécio entrou na sociedade.

Por meio de sua assessoria, Aécio informou que nem ele nem seus advogados foram notificados e não têm conhecimento sobre a apuração do MPE. Ainda segundo a assessoria, os repasses à rádio já foram alvo de uma representação por parte da oposição na Assembleia no ano passado, mas o governo apresentou a documentação relativa aos critérios para a liberação das verbas e o Ministério Público arquivou o procedimento. O caso também foi encaminhado ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, em meados de 2010, mas ele ainda não se manifestou.

terça-feira, 20 de março de 2012

Aonde o Serra vai, a Toesa (empresa flagrada na reportagem do Fantástico sobre corrupção) vai atrás

Fonte Blog do Mello:

A Toesa é uma das quatro empresas apanhadas pelo repórter Eduardo Faustini no Fantástico em flagrante de corrupção explícito. A única em que o presidente foi pessoalmente ao encontro do repórter (que ele julgava ser o novo gestor do Hospital de Pediatria da UFRJ) para empenhar a palavra: “Bateu o crédito na conta. No máximo 48 horas depois está na sua mão”. (David Gomes é o de terno cinza na imagem, que é uma reprodução da reportagem).

David Gomes: “O senhor já combinou o percentual com ele?”
Repórter: “Quinze.”
David Gomes: “Quinze. Vai ser mantido.”

Ele explica como a propina vai ser paga.

David Gomes: “Bateu o crédito na conta. No máximo 48 horas depois está na sua mão.” [Fonte]

Mas o Zé Augusto, do Blog Amigos do Presidente Lula, foi além da investigação. E descobriu que a Toesa tem estrada e é muito ligada ao personagem principal do livro "A Privataria Tucana", José Serra.

Estão falando em CPI da Saúde, e o Zé Augusto tem até uma sugestão sobre por onde ela deveria começar:

A primeira convocação deve começar pelas raízes do esquema, convocando José Serra (PSDB/SP) para explicar os contratos assinados entre o Ministério da Saúde (quando Serra era ministro), e a empresa Toesa Service Ltda. (uma das denunciadas pelo Fantástico), para oferecer serviços de ambulância terceirizados aos hospitais federais no Rio de Janeiro.

No blog, há a reprodução de três desses contratos. E mais: Quando Serra saiu do ministério e foi parar na prefeitura de São Paulo, a Toesa foi atrás:

Bastou José Serra ocupar a prefeitura de São Paulo em 2005, para a Toesa Service inaugurar filial em São Paulo, atendendo "já de início a Prefeitura" (nas palavras da própria empresa).

O esquema seguiu com Kassab e depois migrou para o Arruda em Brasília, onde a Toesa também abriu uma filial. [Leia a postagem completa aqui]

segunda-feira, 19 de março de 2012

Homem que fotografou Vladimir Herzog enforcado confessa a farsa do “suicídio”


A reportagem confirma a barbárie da ditadura militar. Contraditoriamente, ela é publicada pela Folha de S.Paulo, o jornal da família Frias que apoiou entusiasticamente o golpe de 1964

vladimir herzog suicídio ditadura militar

Fotógrafo revela toda a verdade

Numa impactante reportagem na Folha de S. Paulo, o repórter Lucas Ferraz entrevista o fotógrafo Silvaldo Leung Vieira, autor da famosa foto do “suicídio” do jornalista Vladimir Herzog nas dependências do DOI-Codi, em outubro de 1975. Ele hoje mora em Los Angeles (EUA) e confessou que a foto foi mais uma das farsas da cruel ditadura militar que vitimou o Brasil de 1964 a 1985.

Pela primeira vez, o fotógrafo deu detalhes desta ação criminosa. Vale conferir alguns trechos da longa reportagem de capa:

Aluno do curso de fotografia da Polícia Civil de São Paulo, Silvaldo fez em 25 de outubro de 1975, aos 22 anos, a mais importante imagem da história do Brasil naquela década: a foto do corpo do jornalista Vladimir Herzog, pendurado por uma corda no pescoço, numa cela de um dos principais órgãos da repressão, o DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna).

Publicada na imprensa, a imagem corroborou a tese de que o “suicídio” de Herzog era uma farsa. No mesmo local, três meses depois, o mesmo fotógrafo testemunharia a morte do metalúrgico Manoel Fiel Filho. Assassinado sob tortura, ele também foi apresentado pelo regime como “suicida”…

A Folha localizou Silvaldo em Los Angeles, onde vive desde agosto de 1979, quando saiu de férias do cargo de fotógrafo do Instituto de Criminalística para nunca mais voltar. Pela primeira vez, ele contou detalhes sobre sua atuação na polícia técnica de São Paulo. “Ainda carrego um triste sentimento de ter sido usado para montar essas mentiras”, afirmou, por telefone.

(…)

Dezessete dias depois de iniciar o curso [na Academia de Polícia], Silvaldo foi convocado para a sua primeira “aula prática” no último fim de semana do mês. “Disseram apenas que era um trabalho sigiloso e que eu não deveria contar para ninguém. A requisição veio do Dops”, afirma.

O Departamento de Ordem Política e Social, o principal centro de repressão da Polícia Civil, estava sob a influência do delegado Sérgio Paranhos Fleury, que tinha livre trânsito na linha dura das Forças Armadas. Um motorista levou Silvaldo até um complexo na rua Tutoia, em São Paulo, cidade que até hoje ele diz não conhecer bem.

No Brasil de 1975, os “suicídios” nos porões da repressão eram quase uma rotina. Um deles foi o do tenente reformado da PM paulista e militante do PCB José Ferreira de Almeida, o Piracaia, que morreu após ser detido no DOI-Codi, em agosto. Segundo o relato oficial, Piracaia se enforcou amarrando o cinto do macacão à grade da cela.

Os “suicídios” eram fonte de discussão no governo Geisel (1974-79) e de atritos entre militares e o governador de São Paulo, Paulo Egydio Martins. Em 1975, segundo “Direito à Memória e à Verdade” (2007), livro editado pela Presidência da República, 14 militantes foram mortos por agentes do Estado.

A ditadura completava mais de uma década tendo aniquilado quase a totalidade da esquerda armada nas grandes cidades e engrossava a caçada aos militantes do Partido Comunista Brasileiro. Mais de 200 pessoas foram presas.

Entre os detidos na ofensiva contra o PCB estava Vladimir Herzog. Aos 38 anos, casado e pai de dois filhos, Vlado, como era conhecido, era diretor de jornalismo da TV Cultura. Profissional com experiência internacional e apaixonado por teatro, ele militava no partido, mas, segundo amigos, não exercia atividades clandestinas, nem poderia ser apontado como um quadro fixo do partido, que àquela altura já considerava a luta armada um grande erro.

Na sexta, 24 de outubro, Vlado foi procurado por agentes da repressão em casa e no trabalho. Decidiu se apresentar espontaneamente no DOI-Codi na manhã seguinte. Nas sete horas em que esteve detido na rua Tutoia, no Paraíso, onde ficava o centro do Exército, o jornalista prestou depoimento e passou por acareações. Segundo testemunhas, morreu após ser barbaramente torturado.

Quando Silvaldo chegou ao DOI-Codi para fotografar o cadáver de Herzog, a cena do “suicídio” estava montada. Numa cela, o corpo pendia de uma tira de pano atada a uma grade da janela. As pernas estavam arqueadas e os pés, no chão. Completavam o cenário papel picado (um depoimento que fora forçado a assinar) e uma carteira escolar.

Silvaldo chegou ali com uma Yashica 6×6 TLR, câmera tipo caixão, biobjetiva, com visor na parte de cima, semelhante a uma Rolleiflex. “Eu estava muito nervoso, toda a situação foi tensa. Antes de chegar na sala onde estava o corpo, passei por vários corredores”, conta ele.

“Havia uma vibração muito forte, nunca senti nada igual. Mas não me deixaram circular livremente pela sala, como todo fotógrafo faz quando vai documentar uma morte. Não tive liberdade. Fiz aquela foto praticamente da porta. Não fiquei com nada, câmera, negativo ou qualquer registro. Só dias depois fui entender o que tinha acontecido.”

Ele diz ter começado a montar o quebra-cabeça no domingo, quando o jornalista foi velado, ao descobrir que tinha fotografado o corpo de Vladimir Herzog. Depois, viu a foto no “Jornal do Brasil”, o primeiro veículo da imprensa a publicar a imagem, ainda em 1975. No início dos anos 80, a revista “Veja” a publicaria creditando o autor: “Silvaldo Leung Vieira, Depto. de Polícia Técnica, Secretaria de Segurança Pública, São Paulo, 1975″.

“Tudo foi manipulado, e infelizmente eu acabei fazendo parte dessa manipulação”, lamenta-se. “Depois me dei conta que havia me metido em uma roubada. Isso aconteceu, acho, porque eles precisavam simular transparência.”

(…)

Oitenta e quatro dias depois de fotografar o cadáver de Herzog, Silvaldo foi convocado para outra “aula prática” no DOI-Codi. Era janeiro de 1976, e ele ouviu as mesmas recomendações de que não falasse nada sobre o trabalho. Novamente, a ordem partira do Dops. O objetivo era forjar outra farsa: a morte do metalúrgico Manoel Fiel Filho, também “enforcado” nas dependências do Exército…

Segundo testemunhas Fiel Filho fora detido pelos agentes do DOI-Codi de sandálias e sem meias. “Fiz fotos do local onde o corpo foi encontrado, mas não me deixaram ver o cadáver. Antes de fotografá-lo, recebi uma ordem de que deveria deixar o local”, afirma Silvaldo. Assim como ocorreu na morte de Vlado, o 2º Exército, responsável pelo Estado de São Paulo, divulgou nota atestando o “suicídio”. Mas não houve publicidade da imagem do morto no DOI-Codi.

“Eu sabia que eles tinham feito merda, mas nessa segunda vez eu estava mais relaxado, fiz até um comentário: ‘Aqui acontecem coisas estranhas’”, lembra Silvaldo. “Um oficial do Exército que me acompanhava, que parecia ser muito jovem, me ameaçou: ‘É melhor ficar calado e não comentar nada. Se você não calar, a gente te cala’.”

(…)

Em abril de 1979, quando o país discutia a Lei da Anistia, Silvaldo recusou-se a participar de uma tarefa – da qual ele diz não se lembrar. Desde julho de 1976, já estava efetivado como fotógrafo da Polícia Civil de São Paulo, segundo seu registro funcional da Secretaria de Segurança Pública.

No documento, vê-se que passou pela delegacia de Santos, a de acidentes de trânsito e, por fim, a Darc, Delegacia de Arquivos e Registros Criminais, onde era responsável por registrar os presos condenados antes que fossem transferidos para os presídios.

“Mas o trabalho ia sempre além”, conta, “e muitas vezes tinha que fotografar também presos políticos, alguns que acabavam de sair das sessões de tortura. Eu não agüentava aquilo, reclamava que minha atribuição não me permitia fazer esse serviço. E quanto mais eu questionava, mais a situação ficava delicada.”

Silvaldo diz que os superiores passaram a fritá-lo por sua atitude questionadora: não podia tirar férias e chegou a ser suspenso. Segundo registro da Polícia Civil ao qual a Folha teve acesso, Silvaldo foi afastado por três dias, nos termos da lei estadual no 207, de 1979, por “descumprimento dos deveres e transgressão disciplinar”. Em agosto, finalmente tirou férias e deixou o Brasil.

A reportagem confirma a barbárie da ditadura militar. Contraditoriamente, ela é publicada pela Folha de S.Paulo, o jornal da famiglia Frias que apoiou entusiasticamente o golpe de 1964, aliou-se ao setor linha dura dos generais, difundiu todas as mentiras dos carrascos e ainda teve a caradura de cunhar a expressão “ditabranda”, em editorial, para se referir a este sombrio período da nossa história.

Altamiro Borges