segunda-feira, 29 de março de 2010

Dilma desafia a oposição e polariza modelo de Estado


De Natuza Nery, da Reuters:

Em um de seus últimos momentos como ministra, Dilma Rousseff fez o discurso mais duro contra a oposição desde que foi alçada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à condição de pré-candidata do PT.

Sua apresentação na segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-2) foi longa e recheada de tecnicidades, como de costume. Mas nos cinco minutos finais de exposição encarnou a candidata dos próximos meses.

A dois dias de se despedir da Casa Civil e lançar-se à primeira disputa eleitoral de sua vida, Dilma bateu forte no PSDB e insinuou convite a um duelo entre modelos de Estado: quer o "nós", o "Estado indutor", contra o "eles", o "Estado do não".

"(No modelo antigo) não tinha planejamento estratégico, não fortalecia as empresas públicas, não promovia alianças com o setor privado, não atuava protegendo nosso setor privado diante das crises, não incrementou o investimento público e não financiou o investimento privado", provocou.

Dilma entra em combate contra o governador paulista e pré-candidato do PSDB, José Serra, forçando um acerto de contas entre passado e presente. Mais, quer a vantagem de comparação entre um governo popular, o de Lula, contra outro-de Fernando Henrique Cardoso- que terminou com índices baixos de aprovação.

Nem mesmo o lançamento de sua pré-candidatura, em fevereiro, teve a mensagem ácida desta tarde.

"Acho que foi o discurso mais duro dela. Hoje, ela assumiu a posição de chamar (o adversário) para a polarização", disse o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), ao sair do evento.

Nesta segunda-feira, a derradeira como gerente da Esplanada, Dilma sintetizou sua disposição para a disputa plebiscitária. Falou para a militância de esquerda ao criticar o que chamou de "neoliberalismo" do governo anterior; fez um aceno ao empresariado ao defender parceria e investimentos no setor; e ratificou a presença do "Estado regulador".

"Hoje nós podemos dizer que antes de ser um Estado mínimo (no período FHC), ele foi um Estado omisso."

A pré-candidata -que nas pesquisas eleitorais aparece em segundo lugar, atrás de Serra- também lembrou do mercado: "(Este é) um Estado que entende e respeita o mercado, mas não se omite diante dele."

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