terça-feira, 30 de março de 2010

Para coordenador de Dilma, Serra terá que ser "um gênio" para atrair popularidade de Lula





O ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, coordenador da campanha de Dilma Rousseff à Presidência, disse que José Serra precisaria ser “um gênio” para convencer o eleitorado de que pode representar a continuidade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Seria de fato um grande acontecimento na história da sociologia política. Se apesar disso tudo [Serra ter sido ministro no governo Fernando Henrique e ter disputado em 2002 a Presidência com Lula] ele conseguir convencer o eleitor brasileiro de que ele será a continuidade do Lula, ele é um gênio e nós devemos tirar o chapéu para ele”, disse Pimentel em entrevista ao colunista da “Folha de S.Paulo” e do UOL Notícias, Fernando Rodrigues.

Indagado sobre a preferência do eleitor por Serra mesmo entre aqueles que consideram o governo Lula “ótimo” e “bom” (veja aqui o cruzamento dos dados), o ex-prefeito disse que o fenômeno se dá por desinformação do eleitorado. “Não há nada que indique que ele [o eleitor que aprova Lula] escolhe o Serra. Ele apenas desconhece quem, de fato, é o candidato de Lula. Esse é um segmento da população mais desinformado, que tende a se preocupar com isso mais próximo das eleições”, disse Pimentel.

Fernando Pimentel é economista e foi prefeito de Belo Horizonte de 2003 a 2008. Nos anos 60, militou no movimento estudantil de esquerda em Minas Gerais, onde conheceu Dilma Rousseff, a atual pré-candidata a presidente pelo PT. Preso em 1970, passou três anos e meio detido. Em um de seus julgamentos, sentou no banco dos réus da ditadura militar junto com Dilma.

Escalado para ser um dos coordenadores da campanha da ministra, pode abandonar o empreendimento se escolhido pelo PT para concorrer ao governo de Minas Gerais. Pimentel disputa com o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, a pré-candidatura do partido ao Palácio da Liberdade. No campo governista ainda figuram os nomes do ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), e do vice-presidente José Alencar (PRB).

Campanha Dilma Rousseff
Ao UOL Notícias, Fernando Pimentel falou sobre o trabalho que tem realizado na campanha de Dilma Rousseff. “Demos visibilidade a Dilma, consolidamos o nome dela no partido e trabalhamos com a base aliada. Meu papel tem sido esse. Tenho acompanhado a ministra, discutido política com líderes, trabalhado com a imprensa e trabalhado na análise de pesquisas.”

A última pesquisa divulgada pelo instituto Datafolha, em 27 de março, mostra um crescimento de quatro pontos nas intenções de voto de José Serra, que alargou para nove pontos sua vantagem em relação à Dilma Rousseff (veja aqui todas as pesquisas opinião para presidente e governador). Para Pimentel o resultado já era esperado.

“Acho que atingido um certo percentual estaremos estacionados até começar de fato a campanha. Isso porque um certo segmento do eleitorado só será atingido quando a campanha começar. Eu prefiro trabalhar com a série [de pesquisas] do que com a pesquisa pontual. Pra mim é mais importante o crescimento ao longo dos seis meses. E a curva de Serra é descendente enquanto a da Dilma é ascendente”, disse.

Neste mês de março, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) condenou o presidente Lula a pagar duas multas nos valores de R$ 5 mil e R$ 10 mil por campanha eleitoral antecipada. Para o ex-prefeito de Belo Horizonte a decisão do tribunal foi um erro. “Nós vamos recorrer da decisão. Se dar visibilidade a um agente político for proibido, será um marasmo. Todos tentaram dar visibilidade as suas ações, Marina, Serra. Assim é a democracia. Um escorregão é natural, mas o sentido não foi de ferir a legislação”, disse Pimentel.

A ministra Dilma Rousseff deixa a Casa Civil nesta quarta-feira (31), para concorrer à Presidência. Sua saída do Planalto pode esfriar seu desempenho nas pesquisas eleitorais, alavancado, sobretudo, pela intensa exposição ao lado do presidente Lula em obras e inaugurações.

Indagado sobre qual será a estratégia da campanha depois que a ministra deixar o governo, Pimentel disse que Dilma deve viajar pelo país. “Na pré-campanha ela [Dilma Rousseff] vai se dedicar a temas setoriais, viagens regionais, encontros com líderes”, disse o ex-prefeito.

Pimentel não falou com detalhes sobre a organização da equipe de Dilma nem sobre a arrecadação de recursos para a campanha, mas estima que algo por volta de R$ 100 milhões sejam gastos na disputa –valor semelhante ao declarado por Lula em seus gastos em 2006.

Sobre a escolha do vice na chapa da ministra, Pimentel foi categórico ao dizer que a decisão depende exclusivamente do PMDB, que compõe aliança com PT na disputa presidencial.

Em relação ao deputado Ciro Gomes (PSB-CE), Fernando Pimentel disse que ele seria muito mais útil apoiando Dilma Rousseff do que insistindo em se candidatar à Presidência. “O Ciro tem todo direito, mas a candidatura dele está ficando isolada. Sozinho ele não tem viabilidade. Acho que ele tem que refletir isso”, disse.

Candidatura ao governo em Minas
Fernando Pimentel disputa com o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, a indicação do PT como candidato ao governo estadual em Minas Gerais. Com a possibilidade de abrir mão de lançar candidato próprio para apoiar o ministro das Comunicações Hélio Costa (PMDB) ou o vice-presidente José Alencar (PRB), o Planalto segue sem candidato no segundo maior colégio eleitoral do país.

De acordo com Fernando Pimentel, o PT mineiro decidirá até o dia 1º de abril quem será o pré-candidato do partido. Depois disso, as negociações devem correr até maio, quando, com a benção do presidente Lula, será a tomada a decisão final de lançar candidato próprio ou apoiar outro nome para governo do Estado.

Caso seja escolhido pré-candidato do partido, Pimentel teria de abrir mão do cargo de coordenador da campanha de Dilma Rousseff. “De fato, operacionalmente, é impossível [ser candidato e coordenador de campanha]. Se candidato, precisarei me dedicar a Minas Gerais”, disse.

Ao analisar o cenário mineiro, Fernando Pimentel comentou ainda sobre o papel do presidente Lula na definição de um possível candidato.

“A questão de Minas é complexa porque envolve dois grandes partidos, PT e PMDB, e personagens políticos que tem muita projeção. (...) O Lula nos orientou à exaustão que tenhamos um palanque único no Estado. Eu concordo e acho que a voz do Lula tem que ser ouvida, mas ele não irá tomar a decisão sem ouvir os personagens e o partido em Minas”, disse o ex-prefeito.


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